Síndrome da classe econômica

Nos últimos 10 anos, o número de passageiros e viagens aéreas vem aumentado exponencialmente e junto um aumento da incidências de doenças associadas as viagens aéreas, especialmente nas viagens de longa duração. Neste contexto o aumento dos episódios de tromboembolismo venoso em viagens aéreas, comumente chamada de Síndrome da classe econômica.

No entanto, existem várias característica e detalhes que influenciam para o risco do tromboembolismo. Esses riscos devem ser avaliados para definir quais são as melhores prevenções e quais pacientes mais se beneficiam delas, quando referentes à Síndrome da classe econômica.

Aqui iremos avaliar os fatores que aumentar os riscos de tromboembolismo venoso, assim como as indicações para prevenção.

A primeira dificuldade é definir quais episódios de tromboembolismo podem estar associados as viagens aéreas: quanto tempo depois da viagem ainda consideramos a relação ? As alterações ocorre na maioria das vezes nas primeiras duas semanas, sendo mais comum nos primeiros quatro dias, mas podendo ainda ocorrer até 30 dias após a viagem.

Em média, sabe-se que o risco de TVP associado a viagem aéreas tem um risco global de 2,8 vezes mais comum associado a viagens aéreas e esta relação aumenta quanto maior  a duração da viagem.  Para pacientes submetidos a cirurgias recentes, este risco pode aumentar em 20 vezes e para paciente oncológicos, o risco chega a ser 18 vezes maior quando comparados aos outros passageiros.

 

Os fatores de risco associados as viagens são:

  1. Hipóxia: a hipóxia que é a diminuição da quantidade de oxigênio na cabine do avião esta associada a diminuição da pressão atmosférica interna da aeronave.
  2. Posição viagem: a estase venosa (que é a lentificação da circulação do sangue nas veias) esta associada a posição sentada prolongada e a dificuldade de mobilizar as pernas, principalmente quando associado a casse econômica, devido ao espaço entre as poltronas.
  3. Desidratação: a baixa umidade durante os vôos estão associados a um aumento das chances de desidratação e isso provocaria um aumento da concentração do sangue, consequentemente um aumento da viscosidade do sangue e aumento do risco de trombose.
  4. Duração do voo: existe uma relação direta entre a duração do voo e o risco de trombose. Sabe-se que a incidência de trombose é maior em voos acima de 6 horas de duração. O risco de trombose aumenta em 2,3 vezes em voos longos quando comparados a voos curtos e o risco cresce em média de 26% a cada duas horas adicionais de voo.
  5. Tipo de classe e localização do assento: apesar do nome comum de Síndrome da Classe econômica, existe uma diferença muito pequena na incidência de trombose quando comparado classe econômica, classe executiva ou primeira classe. No entanto, o risco de trombose aumenta cerca de 2 vezes quando comparado ao paciente que viaja na janela e o paciente que viaja no corredor. Isso porque na janela, a chance de mobilidade é menor, principalmente em pacientes obesos.

 

Os fatores de risco relacionado ao passageiro:

  1. Uso de anticoncepcionais orais, terapias hormonais ou gestantes: estudos mostram que a chance de uma mulher em uso de ACO desenvolver um quadro de trombose em viagens de longa duração é 40 vezes maior quando comparado a população geral. Em termos absolutos, o risco em viagens prolongadas de se desenvolver trombose para mulheres em uso de ACO é um em cada 259 voos, no caso de mulheres em terapias reposição hormonal é 1 em cada 405 voos e no caso de gestantes 1 em cada 109 voos.
  2. Obesidade: os passageiros de sobrepeso e obesidade tem um aumento das chances de trombose, principalmente quando viagem nos assentos de janela.
  3. Cirurgia recente: o risco de evento tromboembólico aumenta em 20 vezes nos paciente com cirurgias recentes, quando comparados a população em geral.
  4. Câncer: os casos de neoplasia em geral aumenta o risco de trombose entre 4 a 7 vezes. Quando associados a viagens longas, este risco chega a aumentar em até 18 vezes.
  5. Trombofilias: algumas predisposições genéticas para trombose (trombofilias) tem aumento do seu risco quando associado a viagens prolongadas.
  6. Outros fatores: existem a relação de outros fatores com viagem prolongadas e um aumento do risco de trombose: traumas recentes com imobilização, idade superior a 40 anos, doença venosa crônica (varizes) avançado, insuficiência cardíaca.

 

   Com relação as medidas de profilaxia (prevenção) no caso da Síndrome da classe econômica, temos as medidas gerais como evitar a desidratação através da ingestão de agua e suco e evitando ingestão de bebidas alcoólicas. Outra medida é o estimulo da mobilidade dos membros inferiores, seja através da deambulação dentro do avião ou através de atividade de flexão dos pés e pernas enquanto sentados.

   O uso de meias elástica como forma de prevenção tem resultados presentes. Sabe que o uso de compressão elástica irá otimizar o  retorno venoso e estudos mostraram a diminuição da incidência de eventos tromboembólicos associado ao uso das meias elásticas.

A profilaxia através dos uso de antigregantes planetários, como o AAS não apresentou nenhum benefícios para o quadro de Síndrome da classe econômica, sendo até contra indicado o seu uso para esse propósito.

O uso de anticoagulantes sejam injetáveis ou orais apresentam excelente eficácia quando a prevenção aos episódios de tromboembolismo associado a viagens prolongadas. O importante é avaliar o risco benefícios (eficácia de prevenção e risco de sangramento) para cada paciente individualizado, permitindo assim os melhores resultados para cada caso.

Procure um especialista médico antes de realizar sua viagem. Com certeza esta consulta lhe trará inúmeros benefícios !

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